O Sahafi brasileiro que mostrou o perigo e o fascínio que é representar a profissão

Posted by on Dezembro 10, 2013 in Sem categoria | 0 comments

Klesler Cavalcante na 12a   Semana do Jornalismo. Foto: Willian Rotta / Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Klesler Cavalcante na 12a Semana do Jornalismo.
Foto: Willian Rotta – Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Jornalista há 18 anos, o pernambucano Klester Cavalcanti, apresentou-se na palestra de segunda-feira e contou a sua trajetória até chegar na Síria e ter sido refém dos maus tratos do exército em época de guerra. Cavalcanti já foi correspondente da revista Veja na Amazônia quando, em 2000 foi sequestrado quando fazia matéria de denúncia. Após isso, a Veja o mandou a São Paulo e trabalhou em revistas como a IstoÉ e a Caminhos da Terra. É autor dos livros Viúvas da Terra, Direto da Selva, O Nome da Morte e o mais recente Dias de Inferno na Síria. Os dois primeiros ganharam o Prêmio Jabuti de Literatura em 2005 e 2007.

Klester Cavalcanti foi o primeiro correspondente internacional na Síria em maio de 2012 que foi para a cidade de Homs. Durante a palestra, conta que é triste que não tenha nenhum jornalista brasileiro cobrindo a guerra na Síria, pois os correspondentes estão em outro país falando de acontecimentos que só tiveram contato pelas agências de notícias. Cavalcanti viu a realidade da Síria durante a guerra e afirma que só é possível relatar o sofrimento, a destruição, e todo o envolvimento político e religioso quem passou por isso.

“Eu queria ir para a cidade de Homs, onde a guerra estava acontecendo. Precisava ver como as pessoas estavam reagindo à guerra”. Cavalcanti explica que deveria passar antes no Ministério da cidade de Damasco, para então ir para Homs. Mas sabia que se passasse por lá, não deixariam ele ir à Homs pois era sahafi, jornalista, e iria falar de toda a destruição às pessoas e à cidade que ocorria. Então ele foi direto para a cidade, sendo logo preso pelo Exército Sírio no dia 19 de maio.

Durante o tempo que ficou no país, Cavalcanti foi preso por seis dias com 23 homens na mesma sela. Ele não podia tomar banho, dormia no chão e a água que bebiam não tinha tratamento adequado. Quanto às pessoas que dividia a sela, conta que havia humildade e por isso pôde se sentir acolhido. “Teve um dia que eu estava deitado num canto, muito angustiado. Aí um homem começou a cantar uma cantiga muçulmana e eu senti vontade de orar com eles. Levantei-me e fui cantar e, com medo de eles me reprimirem, fiquei mais ao fundo da sela. O homem da frente me puxou e me ensinou como se faziam os gestos. Foi quando eu absorvi muita energia positiva.”

 Klester Cavalcanti disse que hoje vê a situação da Síria de um ponto de vista diferente depois que foi pra lá, e por isso é tão importante passar por esse processo de conhecimento. O jornalista afirma que a questão dos Estados Unidos atacarem a Síria é um erro, pois não existem provas de que o governo de Bashar Al-Assad tenha utilizado armamentos químicos contra a população. Ele acrescenta que não é a favor do governo de Al-Assad, mas sabe que a oposição do governo é muito mais intolerante que o próprio Al-Assad. “Vi moças de minissaias em Damasco, e isso só acontece porque o governo é mais tolerante. Sem provas de quem tenha vindo o ataque é um ato de estupidez do governo americano, caso ataque a Síria. Isso pode se transformar numa terceira guerra mundial”.

Texto e foto por: Comunica! Empresa Júnior de Jornalismo

 

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