Holocausto Brasileiro: Daniela Arbex reconta o episódio do Hospital Colônia em Minas Gerais.

Daniela Arbex na 12ª Semana do Jornalismo. Foto: Willian Rotta – Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Daniela Arbex na 12ª Semana do Jornalismo.
Foto: Willian Rotta – Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Quem conhece o mínimo da história dos judeus na Segunda Guerra Mundial ao menos imagina como eram suas vidas nos campos de concentração. Entretanto, o que pouca gente sabe é que algo muito parecido também aconteceu no Brasil. Daniela Arbex, jornalista do Tribuna de Minas, nos apresenta um episódio aterrorizante e surpreendentemente semelhante ao holocausto nazista, o qual denomina Holocausto Brasileiro.

O Hospital Psiquiátrico Colônia de Barbacena, fundado no ano de 1903, em Minas Gerais, foi o tema abordado por uma série de sete reportagens investigativas para o Jornal Tribuna de Minas. O trabalho jornalístico, feito por Daniela, conta a rotina do hospital psiquiátrico acusado de

tratamento desumano aos seus pacientes durante quase três décadas. Descobriu-se que mais de 60 mil pessoas perderam a vida no hospital, o qual não tinha sequer critérios médicos para a internação de pacientes. Homossexuais, prostitutas, pessoas com dificuldades de interação social, todos faziam parte do leito de pacientes do hospital psiquiátrico que, na realidade, possuía como minoria pacientes com reais distúrbios mentais. Além disso, a jornalista também mostra várias histórias ocorridas no hospital e, exemplificando tamanha atrocidade, conta como os pacientes eram obrigados a permanecer nus durante todo o tempo e a viverem em um ambiente onde a violência sexual era quase que rotineira.

A série de reportagens, que posteriormente forneceu a base para o livro Holocausto Brasileiro, foi um trabalho árduo de investigação jornalística. Com visitas ao Museu da Loucura, entrevistas com sobreviventes do episódio, e muita pesquisa, Daniela Arbex recontou a história do Hospital Colônia. Com a ajuda de Luiz Alfredo, fotógrafo com o maior registro de imagens do hospital, a jornalista conseguiu mostrar, de forma mais chocante, o sofrimento dos pacientes do manicômio. “A gente lida com muitas tragédias, vê muitas mortes. Mas aquilo não era acidente, era um crime, um assassinato em massa”, explica o fotógrafo.

Outro fato impressionante descoberto no processo investigativo era o comércio entre o hospital e determinadas universidades. A jornalista explicou como a venda de corpos de pacientes geraram um acúmulo de 60 mil reais ao hospital psiquiátrico. Além disso, com entrevistas aos sobreviventes do hospital, Daniela conseguiu resgatar muitas histórias e diversas declarações para a produção de seu trabalho. “Se existe inferno, o Colônia é esse lugar” conta Cabo, um dos poucos pacientes ainda vivos que passaram pelo manicômio.

Como resultado desse trabalho, o governo de Minas Gerais reconheceu oficialmente a culpa pelas mortes no hospital. Além disso, também pôde ser construído um memorial aos pacientes, e muitas famílias puderam conhecer o destino de seus parentes lá internados. Mas, segundo a própria jornalista, a mais importante consequência desse trabalho foi a eternização

dessa história. A história dos milhares de pacientes que passaram por aquele campo de concentração, também conhecido como Hospital Psiquiátrico Colônia de Barbacena.

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12ª edição da Semana tem início com palestra de Matthew Shirts

Matthew Shirts na 12a Semana do Jornalismo Foto: Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Matthew Shirts na 12a Semana do Jornalismo
Foto: Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

No dia 6 de setembro, a 12ª edição da Semana do Jornalismo teve sua abertura oficial com a palestra do editor-chefe da revista National Geographic Brasil, Matthew Shirts. O jornalista iniciou a apresentação dando uma verdadeira aula sobre a publicação, cuja edição original comemora seus 125 anos. Ele contou a história de como a ONG criada por pesquisadores e exploradores para mapear o território mundial se transformou em uma revista que se mantém até hoje em 36 países.

Grande parte desse sucesso se deve ao inventor Alexander Graham Bell, que assumiu a frente da publicação oito anos após seu lançamento, em 1896, quando já estava indo à falência. O cientista escocês revolucionou o projeto editorial da revista que, ao invés de publicar artigos científicos, passou a contar histórias de viagens aos lugares mais interessantes do mundo em uma linguagem que qualquer pessoa pudesse entender. Em seguida,

contratou Gilbert Grosvenor, que iniciou as experimentações com imagens e deu à revista a característica que a difere até hoje: a fotografia como destaque.

Todo o valor arrecadado com as assinaturas da publicação passou a ser utilizado para o financiamento de pesquisas e expedições. Durante esses 125 anos, milhares de projetos puderam ser fotografados para as páginas da revista. Entre os mais famosos estão a exploração de Machu Picchu, o primeiro mergulho com um quilômetro de profundidade, os detalhes da carcaça do Titanic e o retrato da “menina afegã”. Dos mais atuais, se destaca o registro de leões feitos com drones e robôs no norte da Tanzânia.

Matthew Shirts encerrou sua visita falando sobre as formas atuais de publicação e o jornalismo digital. Segundo ele, as vendas da edição norte-americana

aumentaram nos últimos anos graças à versão para tablets. Sobre o mercado de trabalho, aconselhou os estudantes presentes: “o mundo da reportagem hoje preza pelos vídeos. Se eu fosse jornalista hoje, me dedicaria a aprender mais sobre essa área. Não tenho dúvidas de que o futuro é por aí”.

Texto e foto por: Comunica! Empresa Júnior de Jornalismo

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