Audálio Dantas conversa sobre o golpe militar, a crise da profissão e a política de democratização da comunicação brasileira

Posted by on Dezembro 12, 2013 in Sem categoria | 0 comments

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Audálio Dantas na 12ª Semana do Jornalismo.
Foto: Matheus Faisting – Comunica! Empresa Jr. de Jornalismo

Audálio Dantas, o primeiro autor a realizar um lançamento de livro sem livros, retoma em “As Duas Guerras de Vlado Herzog” o episódio fundamental na história recente do país, o golpe de 1964. “Achava que era uma dívida como jornalista, já que eu vivi intensamente aqueles dias de terror e não anotei nada, porque não dava. Mas quando resolvi escrever percebi que estava lembrando dos detalhes, o que me ajudou na redação.” O livro relata a história de Vladimir Herzog e a ditadura militar brasileira, que entrou às 8h no DOI-CODI, órgão de repressão do regime, e de tarde estava morto. Para Dantas, o que preocupa é o desconhecimento da sociedade em relação aos acontecimentos daquela época.

Herzog foi o 12º jornalista preso em São Paulo, mas foi o primeiro em que a morte gerou protestos. “O Vlado foi a primeira vítima da ditadura a não ser sepultada em silêncio, fora do que acontecia rotineiramente, já que centenas de pessoas foram assassinadas no Brasil. Os caixões eram entregues, quando entregues, lacrados e com ordens para que não se falassem nada que seria pior. A maioria dos jovens desconhece essa história e é importante que isso não seja esquecido.”

Uma das propostas para que fatos decorridos na ditadura militar não sejam esquecidos foi a criação da Comissão da Verdade. Para Dantas, apesar de alguns setores da sociedade que acham tímidas as ações tomadas pela comissão, que procura reconstituir os crimes cometidos, é importante que a discussão sobre a opressão do regime volte à tona. “Vinte e um jornalistas foram mortos pelos militares antes de Vlado, em decorrência da tortura ou pelos supostos confrontos entre manifestantes e policiais.”

Em relação à profissão, Dantas reafirmou a importância do jornalismo para a sociedade. “A nossa profissão que tem um papel fundamental no que diz respeito à informação para a sociedade. A sociedade nunca será livre se não houve informação livre.” Ele também comentou a crise na qualidade do serviço prestado pelos profissionais da comunicação. “Os jornalistas estão deixando de se aprofundar, estar no cenário dos acontecimentos e transmitir de maneira eficaz. Com o enxugamento das redações, os jornalistas estão confinados a redações, onde cobrem por telefone, ou pior, por sites de informação. O valor fundamental do jornalismo é a credibilidade da informação”, completa.

A estruturação de novas políticas para democratização da comunicação não foi esquecida pelo palestrante. O jornalista defende a comunicação para atender as aspirações da sociedade e não no interesse exclusivo de quem produz comunicação. “A concessão de canais de televisão e rádio são feitas

de maneiras contrárias à maioria. A propriedade é do povo e a concessão é feita a aqueles que monopolizam a comunicação e precisamos continuar nos mobilizando para criar novas políticas.” Para Dantas, o jornalismo precisa participar dessa discussão, afinal, “quem escolhe o jornalismo tem o compromisso com a verdade.”

Texto e foto por: Comunica! Empresa Júnior de Jornalismo

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